Equador

18 de Fevereiro 2009
Pelo Rei, pelo Império... Por Amor! Equador da Autoria de MIguel Sousa Tavares, foi publicado originalmente em 2003, mas só agora em 2009 decidi, ler esta obra, que muito sinceramente considero um dos melhores romances em lingua Portuguesa dos últimos anos.talvez se deva provavelmente à série de televisão (TVI) que estreou a 21 de Dezembro de 2008, publicitando que esta seria a maior produção da televisão Portuguesa de todos os tempos.pelo menos a mais cara, é com certeza! gravada em cinco países, um elenco de 120 actores de luxo, milhares de figurantes fizeram desta adaptação do romance de MST, uma lufada de ar fresco, na já muito saturada prodção em série da tv.uma adaptação do mestre Rui Vilhena, semi-fiel ao livro, que desenvolve histórias paralelas a esta magnifica história, mas que sigo religiosamente com atenção descubrindo um novo mundo dentro da própria história.a base está lá. Lisboa Dezembro de 1905, Luis Bernardo Valença é chamado à presença do Rei D: Carlos I de Portugal, sendo-lhe imcumbida a dificil missão de defender os interesses do reino na colónia Portuguesa de São Tomé e Principe.Luis Bernardo, jamais adivinharia o que seria a sua vida dali para a frente, deprendido de laços aceita então esta missão sendo nomeado governador geral na longinqua ilha equatorial.Luís Bernardo é um jovem empresário lisboeta, no início do século XX. Dotado de visão estratégica, facilmente se apercebe que as potências estrangeiras tentam, sob a capa de um "humanismo hipócrita", eliminar a concorrência dos produtores portugueses de cacau, alegando o uso ilegal do trabalho escravo e incentivando o boicote à compra do cacau de São Tomé.
Mas a realidade não é diferente da dos outros países colonizadores. Luís Bernardo escreve um artigo denunciando a situação e é convidado pelo próprio Rei D. Carlos a ocupar o lugar de governador das ilhas de S. Tomé e Príncipe durante três anos, sendo-lhe atribuída a missão de averiguar se há ou não trabalho escravo na referida colónia e convencer o cônsul inglês de que o trabalho escravo em Portugal já faz parte do passado. Aqui se ligam as vertentes históricas e pessoais da obra. Facilmente se conclui que Luís Bernardo terá que enfrentar alguns dos mais importantes produtores de cacau portugueses, não sendo certo que, dada a instabilidade política que existia na época, tenha um apoio total de Lisboa na execução dessa tarefa.
No plano pessoal, esta missão representa, para Luís Bernardo, o fim de uma vida mundana na capital do Império e o princípio de um longo exílio numa ilha distante de todas as partes do mundo. Será aqui que, para ele, o amor se revela. Mas, como em todas as coisas na vida, também o amor nem sempre é certo. Um dos pontos mais fortes desta obra é, precisamente, o percurso individual (no sentido interior) do personagem central, Luís Bernardo.
MST, foi entretanto acusado de plágio... mas polémicas à parte, Equador foi terrivelmente bem escrito, emocionante, de um rigor histórico impressionante.E com um final deveras surpreendente e inesperado, dá vontade de que não acabe por ali... mexe com o leitor.estes são os bons livros... aqueles que nos deixam a pensar... e a querer mais.Equador é um desses livros.

14/10/2008

10 comentários:

geografia na web disse...

Oi Nuno Chaves,
olhei seu blog e achei muito legal, parabéns papai. Dia 19/10 fazem 3 anos que sou mãe, fiquei como vc! Te encontrei através das listas de interesses, as fotos são maravilhosas. Desculpe-me se seu blog é particular, o meu é educativo: http://geografiadiversificada.blogspot.com
Geografia na web.
Dica: se a letra estiver + escura dar pra ler melhor,
abraços,
Célia da Paz, Brasil

Alda Couto (Maria Catunto) disse...

Olá :)

Obrigada pela visita ao meu cantinho, foi um prazer recebe-lo lá e aqui estou para lhe dar os parabéns muitas felicidades a Beatriz e aos felizes papais e muita muita saúde!
Este seu cantinho esta lindo...voltarei cá mais vezes!
Posso anexar o linck para o seu blog no meu?

bjinho

Otário Tevez disse...

agradeço a sua preferência. Pode contar com mais um visitante. ;)

Alda Couto (Maria Catunto) disse...

Ola amigo...quero desejar tudo do melhor que a vida te posa reservar em 2009...obrigada por fazeres parte da minha vida este ano e no proximo cá te espero! beijinho

Cola e Pipoca disse...

Tenho um selo para ti!
vai ao meu blogue e na barra lateral esta la uma imagem com 2 bilhetes...
;)

Cola e Pipoca disse...

Envia as tuas sugestões de filmes para colaepipoca@hotmail.com e confere aos sábados !

;)

Anónimo disse...

pois é, os filhos têm destas coisas. muitas noites mal dormidas, muito choro porque nao se sabem queixar de outro modo, muitas colicas... mas sao o nosso bem mais precioso! sao so nossos! e as alegrias que nos dao fazem ultrapassar todas as coisas menos boas. so um pequeno sorriso enche-me o coração!

Unknown disse...

gostei do blog,

parabens

© Cristina de Araújo disse...

amigo encontrei-te... rsrsrs
um jinho às duas flores do teu coração T!na

Otário Tevez disse...

Entre 24 de Fevereiro a 24 de Março a Super Bock promove o concurso Super Bock Super Blog Awards, o Blog-do-Otario está a participar na categoria Humor e Entretenimento. Para Votar, basta ir a Blog-do-Otario e clicar no dístico do concurso.

Ps: Esta é uma mensagem que será enviada identicamente a outros blogs, cujos moderadores sigam, de momento o Blog-do-Otario.
Merci very much,
Danke Beaucoup!

Animalia/Fotos de Nuno Chaves

Filhota

Filhota
A Minha Filhota Beatriz! (18 Novembro2008)

As minhas Fotos

Com a Cabeça Nas Nuvens:
Quem é que alguma vez não olhou para olhou para céu e deu largas à imaginação atribuindo formas ás nuvens, ora são cavalos, dragões ou castelos?belas, suaves, delicadas e tantas vezes nos fazem sonhar.

com a cabeça nas nuvens (nunochaves-2008)

Mais (pescoço que barriga (2008)

no paraíso (2008)

Beatriz (2008)

enjoy the ride (2008)

no teu poema (2008)

(Medos) Texto e Foto by: Nuno Chaves
Medos
11 de Julho 2008
A existência humana é tão complexa como misteriosa.
Cada sentimento e sensação, são únicos, é aquilo que nos distingue dos demais.
Quem somos, para onde vamos? Algumas das perguntas que mais frequentemente nos colocamos
O medo de perder, sobrepõe-se a tudo.
Não há quem não tenha medos...
Faz parte da nossa existência, dos nossos dias.
Um segundo que seja de medo… vale, aprendemos a tornar-nos mais fortes, mais adultos.
Uma lágrima que seja…
Uma lágrima de medo… o medo de perder, vale mais que mil palavras ditas.
Palavras são levadas pelo vento.
O medo perdura até que um ciclo que se fecha e um novo ciclo que começa.
Sempre foi assim…
Um dia chegará a nossa vez… e acredita que terá valido a pena ter tido medo.
A isso não se chama outra coisa, senão vida.

Olhares.com


Em Novembro de 2006 registei-me num site de fotografia para amadores, desde lá a minha paixão pela fotografia aumentou e pus em práctica uma série de pequenos projectos fotográficos.
num universo com milhares de utilizadores e e largas centenas de milhares de fotografias novas todos os dias, tenho partilhado os meus trabalhos com muita gente...
travando novos laços (ainda que virtuais), com novos "amigos" acontece uma coisa rara neste site, parece que já nos conhecemos todos desde sempre.

As Minhas Fotos Favoritas:

As Minhas Fotos Favoritas:
Johannes/Gates to Heaven
Contagem Decrescente!
23 Junho 2008
Esta 2ª feira dia 23 de Junho 2008, fomos fazer a primeira eco do nosso bebé, estou super nervoso e ansioso, parece que o tempo nunca mais passa...
eis entao a 1ª foto do nosso(a) bebé.
estou em contagem decrescente!



Foto by:Antero de Alda /Project FOUREL
O Rapaz e o seu Cavalo
Trata-se de um trabalho que desenvolvi em de maio de 2008, inspirado na obra de C.S. Lewis (Crónicas de Nárnia), do 3º Volume: O Rapaz e o seu Cavalo.

1. O rapaz

2. O Cavalo

3. O Rapaz e o seu Cavalo

4. Vou contar-te um Segredo...

5. ... Quero estar sempre contigo

6. ... Estarei contigo... Sempre

GO BACK THE 80'S

Os Anos 80:
Tal como eu, muitos de vós nascidos na década de 70, viriam a viver a vossa infância nos loucos anos oitenta, uma década de mudança (sobretudo de mentalidades), gostaria de partilhar convosco (de forma permanente) alguns dos momentos, produtos, marcas, brinquedos e memórias que me transportam então aos anos 80, e que fizeram parte da minha infância (talvez tb. da vossa).
Não sou saudosista por natureza, nem adepto do "Ó tempo volta para trás", muito menos de usar expressões como "no meu tempo é que era!" ou "Os anos 80 é que eram!".
os anos passaram, as mentalidades evoluiram (algumas), mas os anos 80 foram tão bons comos os 60,70,90 ou 2000.
cada um no seu tempo, mas gosto obviamente de comparar os tempos, nao as gerações, somos diferentes e acreditem que daqui a 20 anos esta nova geração "Pokémon" irá dizer: "os anos 90 sim esses foram bons".
resta-me então compartilhar convosco algumas memórias que me restam da chamada geração "Abelha Maia" ou melhor a famosa "Geração Rasca"!

Marcas & Produtos: (clique nas imagens)

Marcas & Produtos: (clique nas imagens)
COLACAU

EU TAMBÉM JÁ FUI CRIANÇA! (quem não se lembra deles)?

EU TAMBÉM JÁ FUI CRIANÇA!  (quem não se lembra deles)?
As Misteriosas Cidades de ouro

RETRATO DE FAMILIA

UMA HISTÓRIA QUE PODERIA SER A SUA!
Nota

Esta é uma história de ficção, apenas os lugares descritos, são reais.
Se o nome verdadeiro de alguém tiver sido usado, bastará pensar um pouco e concluir que quem escreve um romance, pode inventar um nome que já tenha sido dado alguém algures neste planeta, se porventura, seu nome for mencionado na narrativa que se
segue, não me estava a referir a si.
Qualquer facto, pessoas, atitudes, ou nomes próprios, são isso mesmo…
Mera coincidência.


Prólogo
«Nunca é tarde para o arrependimento e para a concertação»
(Charles Dickens)



Sexta – feira, 30 de Setembro 2005. - Lisboa

Se me lembro?... Obviamente que sim…
Como poderia eu esquece-lo. Já passou tanto tempo, mas é como se tivesse sido ontem, como se tivesse sido agora, à poucos minutos apenas, mas o tempo é isso mesmo, minutos, horas e dias que desaparecem á velocidade da luz, quase que nem damos por eles, passamos uma infância e uma adolescência inteira com uma vontade tremenda de que estas passem num simples piscar de olhos, e depois… depois elas passam e nós ficamos, com estas vidas medíocres de adultos, sempre com tanto para fazer, que acabamos por não fazer coisa nenhuma.
Eternidade, Tempo, continuam a utilizar palavras como estas, todos os dias; sem se aperceberem muitas vezes daquilo que dizem, sem pensar no seu significado, no seu poder, na sua força.
Mas poderão vocês pensar: porque raio está para aqui este tipo com esta lenga-lenga com a mania que sabe tudo, e que já viveu tudo e que é dono da verdade.
Mas isto não passam de pensamentos meus que preciso com urgência partilhar com alguém, preciso de expiar os meus pecados… mas posso sempre recorrer ao padre que em segredo de confissão me ouvirá sem me recriminar mas que no fim me irá dar a penitencia com xis pais-nossos e xis Ave-marias… Raios os partam mais ás suas penitências de merda, quem são eles para me penitenciarem seja do que for, maior penitência, maior castigo que aquele que eu pago todos os dias, acho que padre algum me poderá dar.
Como se fosse possível esquecer, nesta minha vidinha miserável que arde como o pavio de uma, vela sebosa, lentamente até se extinguir.
Mas se vocês pensam que convosco irá ser diferente, desenganem-se, vai ser igual, todos nós temos uns pecadozitos para pagar-mos, e vão paga-los, cada um á sua maneira, mais dia menos dia também vós vos ireis apagar, como esta vela que arde aqui junto de mim. Ou como o cigarro que fumaram tantas vezes depois do sexo que fizeram e que tanto prazer vos deu.
Pobres imbecis que pensam que tudo é para sempre! Nada é para sempre. Tempo? Depende daquilo que queiram fazer com o vosso tempo
Nada é eterno, é certo, mas á coisas que poderão ficar para sempre… disso não tenham dúvida
Esta é verdade… a minha verdade a minha história, aquela com quem terei de viver todos os dias da minha vida, até ao fim, essa será impossível de esquecer…

1º Capitulo
«Não existe nada completamente errado no mundo, mesmo um relógio parado consegue estar certo duas vezes ao dia»
(Paulo Coelho) – Brida



30 Setembro de 1975. - Lisboa

Aconteceu naquela manhã, poderia ter sido noutra qualquer, mas não; estava escrito que tinha de ser naquela manhã, naquele bendito último dia de Setembro.
E como em quase todos os dias ela começava a sua jornada diária com uma chávena de café, um reles café de cevada, carregado de borras, no fundo de uma cafeteira de litro disposta a aguentar aquele suplício durante três ou quatro dias.
Mas ela sabia, que aquele seria o dia «D» o dia de parir (mais uma vez).
Tinha a certeza de que não iria sobreviver, aliás não podia ser de outra forma, ela não queria viver. Mas mesmo assim, como em todos os outros dias, levantou-se bem mais cedo do que o habitual, Tomou o pequeno almoço, que lhe era possível, e levou a sua pequena filha para casa da senhora Sebastiana, a tão sempre tão prestável vizinha que a troco de uns trocados por semana fazia o favor de lhe ficar com a miúda.
- Ai mulher! Um dia destes ainda rebentas! Tens de parar, está na altura de parares, olha que tu rebentas! - Dizia-lhe todos os dias a senhora Sebastiana.
Ela sorriu timidamente e baixou os olhos, Laura era o seu nome. Não era do seu feitio falar da vida de ninguém, muito menos da sua, isso nunca! Até com a senhora Sebasti- -ana que era uma jóia de pessoa, ela poderia desabafar, isso não. Iria ser sempre assim até ao fim.
Dirigiu-se de novo para casa, para a sua querida casa, a casita que tanto trabalho lhe dera a conseguir, era uma casa igual a tantas outras casas ali à volta.
Casas de madeira, tábuas entaladas umas nas outras, pintadas de azul e branco.
Barracas á parte; aquela barraca, era a sua barraca, a sua casa… bem, Pelo menos tinha dois quartos, coisa que grande maioria das outras não tinha, pelo menos a miúda tinha um quartito só para ela, uma cozinha não muito grande mas que mesmo assim dava para o gasto, tachos e panelas enfiados uns nos outros e orgulhosamente areados e arrumados nuns armários comprados com tanto sacrifício ao senhor Joaquim carpinteiro, ali mesmo ao fundo da rua.
Não havia água canalizada, tinha que se ir ao chafariz buscá-la quase todos os dias. Havia três grandes bilhas, uma que era utilizada, para a comida, e estava religiosamente fechada, não fosse o diabo tece-las e algum rato sedento, ou alguma barata aventureira caírem lá para dentro. Depois havia a água dos banhos; havia também um grande alguidar onde todas as manhãs era feita a higiene diária, (sim a casa era grande, mas não tinha casa de banho. Lá isso não tinha). Havia uma retrete, enquanto em muitas outras casas, as necessidades eram feitas directamente para o fosso, Laura tinha uma pequena casa de banho improvisada, toda em madeira com retrete e tudo! Ficava no quintalzito, e a água da terceira bilha destinava-se precisamente a ela.
Não era com toda a certeza, a vida que Laura, sonhara, mas era vida que Deus lhe tinha dado e por isso já estava habituada, tinha-se acomodado.
Tinha vindo ainda catraia, para Lisboa, á procura de uma vida melhor, gostaria de ter sido modista, era isso que ela gostaria de ter sido.
Durante uns tempos, ainda ajudou a dona Aurora com uns trabalhitos de agulha e até lhe tinha tomado o jeito, mas infelizmente a agulha e a linha, não eram o suficiente para lhe matar a fome, a ela e à pequena Verónica que tinha nascido três anos antes.
Três anos antes precisamente tinha conhecido o Álvaro, o amor da sua vida, disso não tinha dúvidas, ele era o amor da sua vida.
Tinham-lhe dito que ele não prestava, que não gostava de trabalhar e que lhe iria dar cabo da vida, que iria viver as suas custas, pois o que ele gostava mesmo era de «putas e vinho verde».
Mas ela queria lá saber disso, estava-se completamente nas tintas, estava completa- -mente cega, completamente apaixonada por aquele jovem homem, o primeiro da sua vida.
Deixou-se encantar, pelo castanho esverdeado dos seus olhos, numa noite de sábado, em que havia baile, numa associação algures na freguesia.
Nunca tinha tido jeito para danças, ao contrário do jovem Álvaro, que parecia ter nascido para aquilo, de aspecto franzino, com um pequeno bigodinho, que fazia lembrar o Errol Flyn dos filmes, Não que Laura soubesse quem era Errol Flyn, pois nunca tinha entrado numa sala de cinema, isso não era para ela, de qualquer das formas, foram o bigodinho, e o jeito malicioso de olhar, a forma de dançar, que a tinham encantado, quando este sedutor lhe perguntou:
- A menina dança? Não pensou duas vezes e mesmo com a sua falta de jeito aparente, deixou-se levar por ele, fechou os olhos e viajou para longe dali, para lugares que não conhecia (e era pouco provável que viesse a conhecer) mas que vira em revistas na casa da dona Aurora.
Fora precisamente a senhora dona Aurora a primeira a adverti-la para os riscos que corria, quando Laura lhe contou que tinha conhecido Álvaro e lhe contou também alguns dos pormenores de conversas que tinham tido juntos.
- Ai rapariga! Tem cuidado, olha que sou bem mais velha que tu, e se queres um concelho, deixa esse rapaz, porque ainda estás a tempo, não é para uma menina de ouro como tu, e olha que por aquilo que me contas, não é boa réz, vai por mim que tenho idade para ser tua mãe, segue os concelhos dos mais velhos, que não te fazem mal nenhum, antes pelo contrário.
Mas Laura não ouvia nada, não há amor como o primeiro é uma verdade, e esta expressão aplicava-se na totalidade a ela.
A partir dali encontraram-se várias vezes, sob o consentimento de Maria Pedro, a mãe de Laura, para ela Álvaro era uma jóia de rapaz, muitas das pequenas discussões que presenciava, eram culpa da filha, que tinha um feitio tramado que gostava sempre das coisas feitas á sua maneira e era pouco tolerante, - dizia.
- Ó rapariga! Tu estima o rapaz, que raio de feitio que tens! olha que qualquer dia ninguém te pega. Deixa-te de amuos, tens de lhe dar um desconto, ele gosta de ti, é homem, tem desculpa, aos homens temos de aturar certas coisas. É para isso que serve a mulher para aturar o seu homem e muitas vezes ficar calada, olha eu… aturei o teu pai, Deus o tenha em descanso, anos e anos a fio, chegava sempre a casa bêbado, e não precisava de arranjar desculpas para arriar nos teus irmãos e muitas vezes em mim, assim motivo…mas o que é que eu podia fazer? - Tive cinco filhos, e ele coitado tinha de trabalhar, para encher de pão a boca de seis. Eu não podia fazer nada, lá arranjei uns trabalhitos a dias, para poder ajudar mais cá em casa, mas a vida não era fácil, mas cá nos conseguimos arranjar, e consegui criar cinco filhos sem a ajuda de ninguém, não tive pai nem mãe que me pudessem amparar, como tu me tens a mim, é certo que não te posso ajudar mais, que isto não chega para todos, mas lá vou fazendo o que posso… lá vou fazendo o que posso.
- Mas eu não quero passar por aquilo que a mãe passou… tantas vezes que o pai, saía do trabalho, nem para casa vinha, a mãe todos os dias punha o seu prato na mesa, sempre na esperança que ele viesse jantar e tantas vezes, tantas vezes esperou em vão.
- Isso são águas passadas… temos de saber perdoar as ofensas dos outros, se queremos que nos perdoem as nossas, o teu pai gostava de mim… à maneira dele, mas gostava.
- E a mãe chama a isso gostar de si, as vezes em que o pai chegava bêbado a casa e fazia levantar toda a gente fosse que horas fosse? E quando ele lhe perguntava pelo jantar á três ou á quatro da manhã e depois desatava a malhar em toda a gente.
- É como te digo rapariga, há coisas que a mulher tem de aguentar calada é para isso que serve a mulher, ao seu homem aguenta tudo.
- Eu não quero isso para mim, … nem para mim nem para os meus filhos, quando um dia os tiver.
Mas não foi assim que aconteceu, embora Álvaro ao contrário do pai de Laura, não bebesse, a sua vida não foi o conto de fadas que ela sempre imaginara, mesmo assim em Junho de 1971, Álvaro pediu Laura em casamento e embora ela soubesse que a vida não seria fácil (aliás a vida não era fácil para ninguém), dentro de si estavam mil e um sonhos por concretizar, e ela disse sim.
Nove meses depois, nascia Verónica, a pequena Verónica de olhos amêndoados e doces, que todas as noites gritava a plenos pulmões que estava viva e existia, fazendo num ritual nocturno Laura levantar-se praticamente de hora a hora.
- Sempre a mesma merda! – Gritou-lhe Álvaro vezes sem conta. – Levanta-te, vê lá se calas a miúda, eu já não aguento mais, isto é de doidos, ninguém dorme nesta casa.
Laura cheia de amor e ternura, embalava a pequena como embalava a boneca de trapos, (a única boneca que tinha tido na sua curta infância), enquanto olhava pela minúscula janela com vista para as outras barracas e amargas lágrimas lhe corriam pelo rosto. Só a lua no céu desenhada, olhava para ela e parecia entende-la.
Álvaro que por aquela altura cumpria o serviço militar, praticamente pouco viu a pequena durante o seu primeiro ano, coube assim a Laura a dupla tarefa de se sustentar, (de o sustentar).
A mesma Laura cheia de sonhos, a mesma menina, que teve tão pouco de menina, a mesma foi a mesma que pensou que pensou que um dia ele iria mudar.
A mesma Laura que na sua ignorância pediu suplicante á nossa senhora, a única coisa em que ela acreditava, que lhe desse um rapaz, para poder salvar o seu casamento e assim poder ser feliz…
Foi por isso, que naquele último dia de Setembro de 1975, ela pensou que não iria sobreviver, ela não queria, não podia sobreviver. Ainda estavam frescas na sua memória, as palavras do marido que ela tanto amava, o mesmo homem que queria um rapaz, fosse a que preço fosse, o mesmo que quando viu pela primeira vez para o seu primeiro rebento, olhou para ela e disse:
- Só me dás é desgostos! - O que é que eu faço com isto? - Nem para ir á bola serve!
Laura saiu de casa naquela manhã, com contracções até na alma.
Pouco passava das dez da manhã quando deu entrada sozinha na maternidade, foi tudo tão rápido que nem deu para pensar, meia hora depois nascia finalmente o seu filho.
Era um rapaz! Afinal era um rapaz, pelo meio Laura chorou de dor e de alegria, afinal tinha conseguido, era um rapaz, agora Álvaro olharia de novo para ela e iria amá-la, e iria mudar. – pensou ela.
Mas não mudou.
Ao rapaz foi dado o nome de Simão.



2º Capitulo
«Se a desgraça te assaltar esconde-a para que os teus inimigos não se alegrem»
(Periandro)


Quinta-feira, 24 de Janeiro de 1990. – Paris

- “ Trrés bien!” Simão espero que tenhas entendido! “aliás não há muito parra entenderr!” – Disse-lhe Paul uma vez mais naquele francês horrível que ainda por cima era sobrecarregado nos erres.
Simão estava com o coração aos pulos, iria começar no dia seguinte uma nova etapa da sua vida, iria viver, acima de tudo viver fosse a que custo fosse, não iria dar esse gosto especial a Álvaro de o ver a nadar no lodo.
Tinha chegado dois anos antes para visitar o pai, que não via à três. Tinha gostado tanto da sua nova vida em Paris, e tinha feito tantos amigos e amigas, que decidiu ficar com o seu pai e a sua nova mulher. Os seus pais tinham-se divorciado quatro anos antes e Álvaro tinha acabado por imigrar para França, em busca de uma vida melhor, e ao que parecia tinha-se dado bem, conseguira montar um negócio de restauração de móveis, que parecia correr a bom vento.
Tinha uma bela casa, e um grande carrão, daqueles que o jovem Simão, só tinha visto nas revistas, e que secretamente, gostaria de um dia poder ter um igual (afinal, sempre conseguira), o que diriam os seus ex. Colegas de escola quando o vissem um dia com aquele carro! Mas em Portugal era impossível, o dinheiro mal chegava para o mês todo, (era raro o mês em que não tinham que ir bater à porta da vizinha). Embora a sua mãe, nunca tivesse deixado que nada lhe faltasse, nem a ele nem à irmã. Mas ela nunca lhe poderia proporcionar o prazer de mostrar aos seus amiguinhos todo aquele luxo em que o seu pai vivia.
Simão estava deslumbrado. Tinha apenas doze anos e era tão fácil de comprar a atenção daquela criança que não tivera, roupas de marca, que não tivera todos aqueles mimos que os outros meninos tinham em casa, mas a sua mãe Laura matava-se a trabalhar para que nunca faltasse comida em casa, para lhe poder proporcionar os estudos e não tinha sido fácil, ela saía de casa ás sete da manhã depois de preparar as coisas para os meninos levarem para a escola e grande parte das vezes só chegava a casa depois das onze da noite, quando muitas vezes eles já estavam a dormir.
Laura quase não tinha tempo, para respirar, aproveitava sempre que podia aquelas horitas extra que faziam lá na fábrica de calçado em que trabalhava, porque o dinheirinho dava tanto jeito ao final do mês, tinha noção que grande maioria das vezes era uma mãe ausente, não fora aquela a maneira de educar os filhos que ambicionara, mas o destino encarregara-se uma vez mais de lhe pregar uma partida.
Havia muito que o marido, deixara de a ajudar, estava constantemente desemprega- -do,, dizia-se um incompreendido. Laura tinha-se acomodado á situação por amor aos dois filhos, que eram no fundo a única razão que a fazia viver.
Dormia ao lado de um homem, que ainda assim amava e que volta e meia lhe dizia que ficava a dormir em casa deste ou daquele amigo, nem dava pelo tempo passar.
Mas Laura sabia que não era assim, mulheres haviam muitas, e ela sabia, mas ela era a sua mulher, a verdadeira, a única a mãe dos seus filhos.

Até ao dia em que finalmente tudo terminou, e ele foi embora deixando-a com dois filhos, na escola, parecia que toda a vida daquela mulher (agora não tão jovem) era autêntica miséria, azares uns atrás de outros, parecia que não havia um único momento de felicidade, mas não, também houve momentos de felicidade, poucos… muito poucos, mas houve; e isso fora dela, já ninguém lho tirava.
Mesmo sendo uma mãe ausente, não havia minuto sequer que passasse, que Laura não pensasse nos filhos, e tudo o que fazia, era por eles, teria sido tão mais fácil se se tivesse ido embora, como muitas fizeram, ou ter caído na vida, como muitas fizeram, quando as dificuldades apareceram, mas não ela
Ela, era mulher… era a mulher de um único homem. Um homem que apesar de tudo, ao que ao fim de dezasseis anos, ainda continuava a amar, e mesmo depois do divórcio, mesmo depois de ele ter partido, esperou durante muito tempo, que ele voltasse para casa.
Mas ele não voltou
- “ Alors, Simão a partir de agora vais deixas de te chamar Simão a partir deste momento passas a chamar-te David compreendido?
- Claro… a partir de agora chamo-me David.
- Vais então fazer, tudo conforme combinamos, amanhã ao meio-dia em ponto monsieur Paul, vai chegar à pensão e tu vais lá estar com ele, como é a primeira vez, talvez “Ça va te faire” um pouco de confusão, mas é um bom cliente, monsieur Paul, tens de tratá-lo três bien, ouviste?
- Claro pode estar descansado, eu vou tratá-lo bem.
- Ele pode até parecer um pouco estranho, mas tens de ter paciência, é apenas uma hora que vais estar com ele, passa num instante, bem pelo menos não mete sexo directamente, que é meio caminho andado, para quem está a começar agora, como tu até calha bem.
Bem mas isso num instante te habituas… e depois daqui a uns tempos quando começares a ganhar dinheiro a sério, vais ver nunca mais queres outra coisa.
Agora vê lá amanhã se não te atrases. Monsieur Paul detesta atrasos.

Continua...